07/09/2009

DESIGN NÃO É SÓ TECNOLOGIA, É TALENTO













Avanços constantes nas áreas de tecnologia e informática,
tão presentes hoje em nossas vidas, têm proporcionado
tanto progressos e tantas conquistas inimagináveis há poucas
décadas, que já não permitem que percebamos, nem sua
onipresença e nem sua importância.

Por um lado, não dá para negar, esta multiplicidade da
informação em infinitas multimídias com surpreendentes
programas e sistemas deixa nossa vida melhor do que
era antes. Melhor, mais forte e mais rápida. Sua presença
maciça vem, entretanto, nos transformando gradativamente,
ao ponto de já não sermos mais os mesmos quem
costumávamos ser quando toda esta tecnologia ainda não existia.

A tecnologia, que basicamente alterou nossa comunicação,
altera rapidamente a forma como demonstramos nossos
sentimentos. O amor nos tempos de pandemia, pode até
ser sentido, mas nunca mais será expresso como antes.
Cartas de amor, por exemplo, que antigamente, eram
manuscritas com capricho, afeto e borrões, foram substituídas
nos últimos anos por e-mails frios, objetivos e automaticamente
corrigidos. Hoje este tipo de comunicação já é tão moderno
quanto o telegrama, telex ou o fax. O e-mail tornou-se algo
atrasado, aborrecido e aparentemente útil apenas para o
recebimento de lixo sem fim. Hoje a comunicação é ainda
mais instantânea e banal, não passando de curtas mensagens
mal escritas por SMS, Twitter e torpedos.

Esta mesma tecnologia, que proporciona coisas boas, também
é responsável, por aspectos negativos em áreas cada vez mais
dependentes da informática no dia-a-dia. No design, por exemplo,
que vive uma verdadeira revolução a cada dia, atividades e
possibilidades que anteriormente eram difíceis, demoradas e,
portanto, caras para serem executadas, são facilmente realizadas
com o computador. A popularização de programas, contudo, nivelou
os profissionais do design por baixo, possibilitando a qualquer um
tornar-se, ou pelo menos, considerar-se, um designer da noite para
o dia em poucos clics. Novos profissionais que saibam se expressar
utilizando lápis, papel e criatividade é cada vez mais raro.


Ter dedos ágeis no teclado e no mouse é tão importante, quanto falar
rápido numa palestra. É apenas uma ter habilidade com uma das
ferramentas de trabalho, que é o computador, e não o fundamental.
Efeitos especiais que novos programas oferecem, fazem com que
as pessoas se esqueçam ou nunca descubram que para ser um
bom designer é preciso pesquisa, informação, estudo, conteúdo,
dedicação capacidade e acima de tudo, talento.

É comum encontrarmos trabalhos de design para pequenas e
médias empresas, que apresentam soluções pasteurizadas e
banalizadas. Bons profissionais devem saber trabalhar o conceito
de uma marca e de um produto. Devem estudar o mercado,
o público alvo e encontrar as soluções corretas que venderão a
imagem a ser comunicada com força e competitividade.


Assim, não basta apenas fazer uso dos fantásticos recursos da
computação gráfica, para intitular-se um designer. Limitar-se a isto,
é fazer parte de uma farsa, que pode enganar a poucos, mas
por pouco tempo. Um bom designer, é aquele que sabe conceituar,
o que cria soluções e existe com ou sem computador. É aquele que
continua trabalhando normalmente, mesmo quando a luz no estúdio
acaba e o computador tem que ficar temporariamente desligado.

Luiz Renato Roble Designer e Diretor de Criação da
DATAMAKER DESIGN http://www.datamaker.com.br/

2 comentários:

Alexandre Maravalhas disse...

É. E além de talento, eu também diria conhecimento.

Se de um lado a tecnologia, caindo em mãos despreparadas abriu a torneirinha para a pirotecnia (e muitas vezes irrelevância) visual, por outro o próprio mercado tratou de acelerar tudo e também cobrar agilidade dos profissionais da área do design. Cria-se aí um "cobra comendo rabo" e tornando a informática tão essencial para a atividade, que mesmo que aquele profissional mais "orgânico" queira, não pode se desvincular mais.

Então, assim como uma geração anterior de designers "dependia" de uma série de ferramentas indispensáveis, a tecnologia hoje é o ferramental a nós imposto, muitas vezes guela abaixo, em especial nàquelas estruturas que praticam os perigosos prazos urgente-urgentíssimos.

Então a convivência com a informática nem precisa mais ser vista tanto como pejorativa ou viciada. E como ferramenta inevitável e impositora que é, também democratiza. Aí valem os fundamentos da atividade, que vão garantir mais perenidade, pertinência e qualidade aos projetos, ou seja, talento isolado não faz um bom design.

VB disse...

Gostei do texto Luiz, bem pertinente o assunto.
Costumo chamar essas pessoas que se entitulam designers por terem conhecimento em um ou outro software de editoração de imagem ou design gráfico, de "micreiros", uma raça que infelizmente existe apenas porque nossa profissão não é regulamentada nem reconhecida nesse nosso Brasil varonil. E, muito menos, a população tem noção do que é um designer e principalmente o que o Design pode ajudar e melhorar em sua vida.
Acho que agora que não se precisa mais ter o diploma de jornalismo para exercer esta profissão, nossos colegas jornalistas sentirão na pele o que os designers sempre sentiram.
Enfim, há muito ainda que se discutir e lutar por e é de suma importância que pessoas como você se expressem dessa forma. Meus parabéns!!! Ganhou mais uma leitora!!!
Abraços.